É já no dia 10 de fevereiro que a EAPN Portugal /Rede Europeia Anti-Pobreza vai inaugurar a sua exposição “20 caminhos na voz de migrantes”. Com base na experiência da metodologia Cross Talks (conversas cruzadas), apresenta um conjunto de histórias de migrantes que escolheram Portugal para viver e aqui constroem os seus percursos de inclusão. Aqui, os migrantes partilham as suas experiências, as suas aspirações e sonhos e o que esperam da sociedade que os acolhe.
Antes da exposição, vai realizar-se uma Mesa-redonda, com a participação do Chefe de Missão da OIM Portugal, Vasco Malta, para refletir a importância de se promover um diálogo justo sobre as migrações. Conta, também, com participantes do Projeto Opportunities. O evento acontece no sábado, a partir das 17h, na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa.
Esta iniciativa surge no âmbito do Projeto Opportunities, promovido, no nosso país, pela EAPN Portugal. “Muitas pessoas mantêm imagens estereotipadas sobre os migrantes, e o projeto Opportunities tem como objetivo desconstruir as narrativas prevalecentes sobre migração”, conta Inácia Sá, responsável pela implementação do projeto em Portugal.
“Em vez de depender unicamente de narrativas jurídicas e económicas baseadas em estatísticas e números, procuramos humanizar o tema. Essas narrativas muitas vezes retratam a migração de maneira abstrata, negligenciando a individualização dos migrantes. Portanto, acreditamos que dar voz aos próprios migrantes é fundamental, bem como encorajar a sua autorrepresentação através da partilha de histórias e experiência de migração”, refere o Projeto Opportunities.
Nos últimos anos, indica o projeto, a União Europeia testemunhou um aumento significativo nos fluxos migratórios. Especialmente entre 2015 e 2016, quando mais de 2 milhões de refugiados e imigrantes chegaram ao território europeu, predominantemente via Grécia e Itália.
Este fluxo massivo foi motivado pelos conflitos na Síria, Iraque e Afeganistão, além do regime ditatorial na Eritreia. Inicialmente, este movimento migratório que suscitou uma narrativa de integração dos migrantes na política europeia conjunta, rapidamente se transformou numa narrativa de crise e desintegração. Os debates sobre migração tornaram-se cada vez mais negativos, frequentemente explorados por populistas de direita com narrativas de ódio e de medo prevalecendo sobre narrativas de integração.
“A distinção entre essas narrativas sobre migração é crucial para a compreensão do escopo do nosso projeto”, afirma Inácia Sá.